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Mostrando postagens de fevereiro, 2008

Qüiproquó

De pronúncia e grafia estranhas e difíceis, qüiproquó é palavrinha conhecida de muita gente. É a confusão causada por um engano. Confusões à parte, sua origem é um tanto quanto curiosa. O dicionário “Houaiss” marca o primeiro registro dessa palavra na língua portuguesa no ano de 1697. Veio do latim “quid pro quo”, que significa “uma coisa pela outra”. No contexto dessa época, “quid pro quo” era o nome dado a um livro que os boticários tinham para pesquisar uma droga na falta de outra. E não era raro acontecer de se confundir na troca, podendo ser vendido veneno no lugar de remédio. Daí o engano. Do significado primeiro de “livro que existia nas farmácias para indicar as substâncias que deveriam substituir as receitadas pelo médico, caso a farmácia não as possuísse”, derivou, por extensão de sentido, para engano, equívoco, “erro que consiste em tomar-se uma coisa por outra”. Por fim, chegou, por metonímia, ao sentido de “confusão criada por esse engano”.

Buxixo, boxixo, buchicho ou bochicho?

Vai dar o maior bochicho, buchicho, bochincho ou buchincho quando eu escrever aqui que buxixo não está nos dicionários nem no Volp (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa). Verdade. Há quatro formas registradas como corretas, todas com “ch”. O buxixo, bonitinho com “x”, não existe na atual norma culta da língua. Atualização de 27/01/2014: Faltou dar o significado de buchicho. Aqui vão as consultas que fiz no Houaiss e no Aulete Digital:

A comichão ou o comichão?

A primeira forma, por mais incrível que pareça, é a correta. A palavra comichão é feminina. No entanto, seu uso como substantivo masculino é bem mais difundido, mas que fique claro que é errado. Outra palavra que tempos atrás causou polêmica foi dó, que é masculina, mas seu uso era bem mais comum como substantivo feminino. Não erre mais essas duas: o dó e a comichão.

Que tal e quetais

“Quetais. Essa palavra existe?” Na hora, pensei que tinha faltado um espaço, seria “que tais”. Ainda assim soava estranho. Sempre ouvi “que tal”, e como uma pergunta. Fui verificar na internet se essa palavrinha era usada. Para meu espanto, há quase 10 mil “quetais” em sites diversos. Sim, fiz uma busca no Google. Depois, meu caminho foi ir aos dicionários. Nenhum deles me apresentou uma solução, mas o “Houaiss” chegou perto. No verbete “tal”, há a locução “que tal”, com dois significados. Um é o uso para pedir a opinião do interlocutor (exemplo: pensei em cinema, que tal?). O outro está com o sentido de “da mesma espécie, forma, natureza”. Exemplo: o grupo era formado por PSB, PC do B e outros que tais. “Que tais”, no plural e com espaço. Não “quetais”. Como visto, o dicionário já registra o uso, mas a grafia é “que tais”. Assim, mesmo lendo muitos “quetais” por aí, é bom saber que a forma correta na norma culta da nossa língua ainda é com espaço.

Mau português

A polêmica já tem mais de uma semana na coluna do Picôco. Ele escreveu, em bom português, “mau português”. Estava certíssimo. Mesmo assim, como “mau” e “mal” sempre geram dúvidas, recebeu puxões de orelha de alguns leitores. Desmerecido. Pela primeira vez vi leitores corrigindo erroneamente o jornal. Neste espaço já foi publicado, em 2006, uma explicação sobre “mau” e “mal”. Como faz tempo e a polêmica é recente, aqui vai novamente a explicação. “Mau” pode ser adjetivo (“menino mau”) e substantivo (“os maus serão punidos”). “Mal” pode ser advérbio (“mal educado” e “dormiu mal”), conjunção (“mal chegou, quis sair”) e também substantivo (“desse mal não sofro mais”). Uma dica para saber qual forma escolher na hora de escrever é: “mau” opõe-se a “bom” e “mal” opõe-se a “bem”. Disso, temos que o oposto de bom português é o mau português. Parabéns ao Picôco!