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Mostrando postagens de setembro, 2007

Paralelismo

Recentemente, foi publicado o seguinte título em uma matéria do BOM DIA: “Preparo profissional e estimular senso crítico são metas” Falta a ela paralelismo. A simetria no emprego de palavras e estruturas gramaticais garante o paralelismo. Ele pode estar no uso do artigo. Se escrevemos uma seqüência de palavras, ou colocamos artigo em todas ou em nenhuma. Exemplos: “comi salada e carne”, “comi a salada e a carne”. A falta de paralelismo está em “comi salada e a carne”. Essa regrinha de ouro também se aplica a vários momentos do texto, como nos casos de regência verbal. Vamos analisar a falta de paralelismo do título citado anteriormente. Dois itens são metas: preparo profissional e estimular senso crítico. O primeiro é o preparo, substantivo; o outro, estimular, verbo. Para adequar o título, há duas possibilidades: dois substantivos ou dois verbos. “Preparo profissional e estimulação/estímulo do senso crítico são metas” ou “Preparar para profissão e estimular senso crítico são metas”.

Expressões

Recentemente, foi publicada a seguinte frase em uma matéria do BOM DIA: “As ferramentas usadas pela empresa para motivar os funcionários vão de encontro com a necessidade da companhia de crescer.” O texto informa que as ferramentas usadas vão contra a necessidade da companhia. No entanto, não era isso o que o repórter queria dizer. Os significados das expressões “de encontro a” e “ao encontro de” são opostos. Vamos ver quais são essas diferenças: 1. “De encontro a” indica idéia de oposição. Tem o significado de sentido oposto. Assim, se o carro foi de encontro ao muro, não há dúvidas de que ele se chocou com o muro. 2. “Ao encontro de” indica idéia de aproximação. Significa “em procura de”, “no esforço por”. Esta é a locução certa para a frase que saiu no BOM DIA. A sentença corrigida fica assim: “As ferramentas usadas pela empresa para motivar os funcionários vão ao encontro da necessidade da companhia de crescer”.

‘Ideia de girico’ ou ‘ideia de jerico’?

A segunda forma é a correta. Apesar de não se aproximar tanto da fala como “girico”, palavra inexistente na língua portuguesa, jerico significa asno, jumento. No entanto, na fala é usada principalmente com o sentido de tolo, imbecil, estúpido – e pode ser dito a pessoas e coisas. Exemplo: “Ele sempre tem ideias de jerico”. (Texto atualizado conforme o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990.) 

Que ele ‘apazigúe’ ou ‘apazígüe’?

A primeira forma é a correta. O verbo apaziguar, assim como os verbos averiguar e obliquar, recebe acento agudo no “u” quando conjugados no presente do subjuntivo na primeira e segunda pessoas do singular e na terceira do singular e do plural. Exemplo: “Esperamos que o juiz apazigúe rapidamente a confusão que virou esse fim de jogo”. Em tempo: apaziguar significa acalmar, pacificar, harmonizar.

Vírgula polêmica

Na quarta-feira, dia 5, o BOM DIA lançou a coluna “Quem sabe, sabe”. Foi uma das duas estréias diárias dentro das comemorações de aniversário do jornal. Antes de liberar a página para a gráfica, surgiu uma questão crucial: é com ou sem vírgula? A discussão levou mais de meia hora porque a pergunta tem duas respostas: pode ser com vírgula ou sem ela. A vírgula venceu. Veja o porquê: 1. Quem sabe sabe – a regra A regra é clara e simples: sujeito e predicado não podem ser separados por vírgula. Sujeito: quem sabe. Verbo: sabe. Então, é correto dizer “quem sabe sabe”. 2. Quem sabe, sabe – a “exceção” Em frases iniciadas pelo pronome “quem”, é permitido usar a vírgula entre sujeito e verbo por uma questão de clareza quando aparecerem dois verbos juntos ou muito próximos. No caso da coluna, é o mesmo verbo (“sabe”), por isso a opção pela clareza com a vírgula.

‘Tinha chegado’ ou ‘tinha chego’?

A forma “tinha chegado” é a correta. O verbo chegar tem somente um particípio, o regular, que é “chegado”. “Chego” é a conjugação do verbo chegar na primeira pessoa do singular no tempo presente (eu chego). Assim, dizemos e escrevemos que as pessoas tinham chegado bem cedo ao estádio para garantir os ingressos do jogo.

‘Daqui a um mês’ ou ‘daqui há um mês’?

“Daqui a um mês” é a forma correta. É comum a confusão do “a” com o “há”. A preposição “a” expressa a noção de tempo futuro (ex.: a loja será inaugurada daqui a dois dias). Já o verbo haver flexionado na forma “há” indica tempo passado (ex.: ele caiu há dois dias). Dica: o “há” pode ser substituído por “faz” (ele caiu faz dois dias), mas o mesmo não é possível com a preposição “a” (*daqui faz um mês).